
Helena,
Tenho um péssimo hábito: desde muito pequena, quando as pessoas começam a me contar algo e, em algum momento, percebo que sei de algo parecido ou relacionado, na animação do momento, interrompo o dito cujo e vômito tudo que quero falar. Dizem que é falta de educação, me justifico com a ansiedade.
Em ambos os casos, é errado, devia esperar a pessoa terminar e assim dar vazão ao que quero passar. Acho que o mais próximo da realidade que vou conseguir chegar para explicar isso, é que sempre tentei me comunicar, informar, conversar, ligar os pontos e abundantemente colocar os pingos nos is. Para o bem ou para o mal, espero que quando você crescer, tenha a paciência para ouvir tudo antes de falar.
O fato é que atualmente nosso mundo parece meio louco. As pessoas tem falado muito, expressado muito, sem nem interromper. Eles apenas falam, falam e falam e esquecem que o diálogo é formado de duas partes. Um mundo de monólogos ou pior: um mundo de intolerância.
No mar da verdade absoluta de cada um, mora um estranho monstro. Ele tem dentes pontudos, olhos avermelhados, garras terríveis e parece um peixe fora d’água. Sua vida é espreitar a próxima presa, que é exatamente aquela que vai contra o seu argumento de engolir sem mastigar.
O ponto, é que nenhuma pessoa é sozinha, ao longo da sua vida você irá interagir com milhares. Antes de apenas falar, falar, falar e falar mais um tanto, é necessário ouvir o triplo. Não só pela educação, mas a melhor forma de compreender o mundo é escutar o que ele tem a dizer. Seja um bom argumento ou não, tudo é válido na constante aprendizagem de filtrar aquilo que irá nos compor.
Hoje, sou muito diferente da menina que era aos 15 anos e daqui 20 anos, serei quase que uma outra pessoa em vários aspectos. Todo dia torço para que anule o terrível hábito de interromper, mas mais que isso, todo dia torço para que você jamais cometa o erro de apenas falar e interromper a pessoa que poderia ser.
Porque o mundo, antes de tudo, precisa de bons ouvintes, mente ávidas por mudança e um pouco de tolerância ao perceber que ninguém, afinal, é uma ilha.
Com amor,
Mamãe.
Olá Paola e Marcelo.
Estou deixando este comentário apenas para relatar o quanto me senti emocionada lendo as cartinhas para a pequena Helena. Eu sei que não me conhecem e talvez nunca responderam este recadinho, mas agradeço por serem responsáveis por guiarem (com maestria) alguém neste mundo, isto é, vejo em vocês a motivação para todas as minhas teorias sobre educação. Parabéns, vocês estão mudando o mundo para alguém! Helena é uma menina de sorte. 🙂
Hey, Dayane!
Ficamos imensamente felizes em ler este recado. Em primeiro, desculpe a demore em responder, mas infelizmente estamos meio afogados em mensagens para responder.
O mundo está repleto de crianças que já recebem uma educação diferente, visando o respeito e a sinceridade, então, acredito que o mundo já será um lugar diferente em breve!
Muito obrigada, de coração.
Abraços!