
Escrito no dia 27 de março de 2014.
Helena,
Hoje nós conversamos muito sobre o Brasil, sobre o mercado de trabalho, projeções futuras e tudo aquilo que é muito chato de pensar sobre. Enquanto isso você brincava em seu berço, falava sozinha, gritava músicas imaginária e opinava de forma muito argumentativa sobre, na sua língua, então sinto muito, não compreendi, mas respeito sua opinião.
Acho que nosso maior desafio como pais tem sido conciliar nossos sonhos com os sonhos que você terá. Quero escrever e ensinar, seu pai quer oferecer possibilidades num mercado que está crescendo, quando você ler isso, não sei em que pé as coisas vão estar, mas queria compartilhar com você nossa boa vontade.
Queria um mundo mais democrático quando você crescesse, não nosso coronelismo encoberto, onde os partidos mandam no país tal como os Coronéis do Norte. Realmente queria que você tivesse a opção de poder escolher seu futuro e que os impostos, a descrença e os limites impostos pelo Governo não podassem seu sonho.
Dinheiro é algo importante, não vou mentir, afinal, gastamos R$500,00 em pomadas nesse seus primeiros 6 meses de vida – lembre-se disso quando chegar em casa as 3 manhã sem permissão – mas, ele tem a exata importância que deixamos ele ter.
Pode ser um meio de garantir suas necessidades, investir num futuro melhor e uma exigência para a vida, porém, coloca-lo como único objetivo para tudo é um erro. Basear seus estudos, sua carreira, seus sonhos num acúmulo de bens e papel, não é o caminho. Dinheiro pode sim viabilizar as coisas, mas não ser a razão delas.
Não sei como tudo vai ser daqui 20 anos, certamente terei 41 e serei uma senhora muito atraente, mas acho que algumas coisas vão se manter, principalmente o preconceito, já que numa sociedade que levou 4 mil anos para ser como é, 20 anos é um tempo curto de mais para as mudanças mais significativas que esperamos, mas realmente queria que você fizesse parte disso. Você será um pouco da mudança que o mundo precisa, como eu, seu pai, seus avós, os romanos e os hebreus foram.
Somos uma constante evolução. E hoje você ficou de pé sozinha, segurando meus joelhos, a prova viva de que temos jeito, que vamos aprender a andar sozinhos, de uma forma menos literal.
Com amor,
Mamãe.